sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Crédito bem parado (por Pedro Santos Guerreiro, negocios.pt)

A banca sempre teve as costas largas. Agora, tem também a consciência pesada e os bolsos vazios. Mas mesmo assim, a ameaça do Governo de retirar as garantias aos bancos, se não derem crédito às empresas, só tem uma classificação: é ridícula.
A falta de crédito é das principais ameaças à economia. E leva a medidas tão radicais como a taxas de juro zero nos Estados Unidos. Há projectos parados em Portugal por falta de financiamento, da grande estrada ao pequeno empório; há negócios economicamente viáveis que enfrentam o abismo porque o cliente deixou de pagar e o banco de emprestar. Compreende-se, assim, o sufoco reivindicativo das empresas. O que não se aceita é que o Governo deite demagogia para a fogueira e incendeie a já minada credibilidade dos banqueiros. Era o que faltava o Estado retirar garantias, assim troando ao mundo que os bancos portugueses não prestam. Nem eles nem o próprio Governo, que assim ficaria um avalista incredível. Se uma garantia de Estado pode ser retirada, não é uma garantia. E nesse caso, quem dá garantia à garantia de José Sócrates? Aliás: se os bancos vivem de emprestar dinheiro, por que razão não haverão de querer emprestá-lo? Porque lhes exigiram que se contivessem. E porque não o têm nos seus cofres.Vítor Constâncio pediu no Verão aos presidentes dos bancos que passassem a conceder menos crédito, de modo a fortalecerem os balanços. Os rácios mínimos de capital apertaram, o que na prática significa emprestar menos. E ainda ontem Sócrates falou na necessidade de os bancos se capitalizarem, o que vai dar ao mesmo. Exigir uma coisa e o seu contrário ou é esquizofrenia ou é demagogia.O mercado de financiamento está quase fechado. Ninguém empresta dinheiro a bancos sem garantias e, mesmo para quem as tem, há um rateio à escala global. O único banco que usou garantias foi a Caixa, que tentou obter dois mil milhões, conseguiu apenas 1,2 mil milhões e a um custo elevado. Claro que a Caixa tem uma vantagem inesgotável: tem dez milhões de accionistas a quem não perguntam nem informam o que lhes fazem ao dinheiro. Venha mais um aumento de capital, mil milhões.Para que servirá este dinheiro na Caixa? "Para financiar a economia e melhorar os rácios". Não podem ser mais específicos? Já serviu para o BPN, para o BPP, para estradas. É para financiar os grandes investimentos público-privados? Para acudir às proscritas PME? Para comprar instituições?Os bancos estão a privilegiar os refinanciamentos dos contratos que já existem, sobrando pouco para novas aventuras. A opção é não deixar cair os actuais endividados, ampliando-lhes prazos de pagamento, para conter o mal parado, que afunda clientes e nisso arrasta o próprio banco. Há em 2009 quase 12 mil milhões que têm de ser refinanciados pelos bancos portugueses. O Governo pode esconjurar o capitalismo sem freio, mas em vez de crucificar os maiores bancos portugueses devia elogiar a sua resistência às loucuras que afundaram o sistema financeiro. Digam lá o que disserem, CGD, BES, BCP, BPI e Totta não tinham "subprime" e pouco tinham de Madoff. Basta comparar com os tão elogiados bancos espanhóis, que estão a perder milhões com fraudes alheias, para ver como não assumir riscos não foi uma omissão, mas uma opção.É bizarro, mas o Governo opta por salvar bancos que se portaram mal e criticar bancos que se portaram bem. Melhor faria se guardasse as lições de moral para si mesmo. E supervisionasse o que aí vem: é que depois das ocultações mais ou menos criminosas, primeiro em "holdings" e depois com activos, está na cara que se seguem engenharias para esconder passivos e malparados. Vai preparar-se agora ou espantar-se depois?

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Confiar mais no Estado que no banco

A questão é: quando o Estado assegura que todas as suas poupanças estão garantidas, você acredita? Se sim, passemos à frente, enfrentemos economias em recessão; se não, então ainda não vimos a face mais medonha desta crise. A verdade, porém, é que os Estados desbarataram a credibilidade.
Sim, esta crise resulta de falhas de Estado. Já passámos a fase do baile de máscaras, isto não é uma crise do "subprime" inventada por meia dúzia de banqueiros mafiosos americanos que só salpicaria a Europa, bastando liquidez para solver o problema. Enquanto nos apontavam para essa árvore, faziam com que não víssemos a floresta negra. A crise de crédito é geral, toda a banca correu riscos de mais e emprestou dinheiro que não tinha a gente que não podia. As consequências são devastadoras. Nos EUA e na Europa. O pior que pode acontecer? Nacionalizar e confiscar. Mais dívida, mais impostos, mais inflação, menos crescimento. Estaremos a mais do que uma unha negra disso? Incrivelmente, a resposta depende muito de factores emotivos, o que exigiria uma determinação dos Estados que não se vê. Nesta crise financeira, os governos estão a fazer quase tudo para nos convencerem de que estão de cabeça perdida. Essa é a primeira falha do Estado: demitiu-se do controlo, fez votos de fé nas auditoras e nas agências de "rating" e agora esconde atrás delas as suas próprias responsabilidades. Os deveres de Estado não se delegam. Os reguladores não viram nada, não fizeram nada, não cheiraram nada do que lhes passava debaixo do nariz. O Estado falhou o mandato que o povo lhe confiou.A segunda falha do Estado viu-se nos últimos quinze meses: ou foram incompetentes na avaliação dos efeitos da crise ou esconderam-nos de nós. Olhando para trás, há um desequilíbrio entre o que nos diziam ser o problema e a força das medidas utilizadas. Foi como dizer que o problema era uma praga de gafanhotos e depois usar napalm para matá-los. E isto é um indício, grave, de dissimulação da crise.Chegamos à terceira falha de Estado: hoje, o descontrolo é total. A reunião fratricida entre Alemanha, França, Inglaterra e Itália foi um "hara-kiri" da União Europeia. Na Irlanda rasga-se o Tratado de Roma e fazem-se planos para salvar apenas bancos irlandeses. Do outro lado do Atlântico, a Fed usurpa poderes e passa a agir como banco comercial. Depois de semanas a jogar ao gato e ao rato com os americanos, para quem se viram os europeus? Não para o senhor Paulson, que já deu o que tinha a dar. Não para o senhor Trichet, que, mesmo que dê o que pode (baixar os juros), resolve zero da crise financeira. Os portugueses olham para Sócrates. Sócrates olha para quem? Não para Durão Barroso, que olha para o chão.Os Estados europeus que garantiram os depósitos, como o português, estão a dar tudo o que têm: não o dinheiro, que não têm, mas a palavra. Mas jogam alto esta parada, porque estão descredibilizados. Só assim se compreende a súplica de Constâncio ontem: "Confiem no que dizem as autoridades". Não devia ser necessário dizê-lo. Na "República" de Cícero, a política eficaz era aquela a que bastava anunciar medidas para produzir efeitos. É o que os governos europeus pretendem: garantem os depósitos, supondo que isso, por si só, neutralize o pânico e, portanto, não haja corrida alguma aos depósitos. É um Ovo de Colombo, mas está em cima de uma corda bamba: pode cair se falhar a credibilidade do Estado. E o Estado, diria Cícero, é como os deuses: "Se não se acredita neles, eles deixam de existir."

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Turbinas eólicas causam hemorragias internas aos morcegos

Os morcegos têm motivos para temer as turbinas eólicas. Um estudo científico mostra que o movimento das pás causa uma diminuição da pressão atmosférica, fazendo rebentar os vasos sanguíneos dos pulmões destes mamíferos.Desde que os postes para gerar energia eólica começaram a ser instalados por todo o mundo, começaram a aparecer cadáveres de morcegos à volta das turbinas. O pormenor estranho era a ausência de feridas ou hematomas externos em muitos indivíduos, que tornava inexplicável a razão da morte dos mamíferos. No caso das aves, os cadáveres aparecem com feridas e hematomas, indicando um choque contra as pás.Ultimamente, a proporção entre morcegos e aves mortas tem-se tornado mais preocupante. Há locais em que o número de cadáveres dos mamíferos é quatro vezes maior do que o das aves, o que é estranho tendo em conta que o sonar detecta melhor objectos em movimento do que parados.Erin Baerwald, da Universidade do Calgary, Canadá, investigou a questão no campo eólico em Alberta. “Enquanto apanhávamos carcaças, reparei que um grande número não parecia ter feridas externas”, explicou.Dos 75 morcegos que dissecou, 69 apresentavam hemorragias internas. “Uma descida na pressão atmosférica ao redor das pás das turbinas é uma ameaça indetectável, e explica o grande número de fatalidades de morcegos”, diz a cientista. A velocidade com que as pás giram faz com que a pressão atmosférica desça. Quando os morcegos se aproximam demais das turbinas, esta diferença de pressão faz rebentar os vasos sanguíneos dos pulmões. Chama-se a esta condição barotrauma.O artigo de Erin Baerwald é publicado hoje na revista científica Current Biology . O estudo mostra que 90 por cento das fatalidades envolveram hemorragia interna e só metade dos morcegos é que tocaram nas pás. A hemorragia não acontece nas aves porque a estrutura pulmonar é diferente e mais resistente.Os investigadores portugueses também já detectaram este fenómeno. Uma das primeiras barreiras para se entender a verdadeira proporção do problema é a quantificação. “Os corpos são rapidamente apanhados pelos predadores e é geralmente difícil encontrar os cadáveres dos morcegos”, explica ao PÚBLICO Jorge Palmeirim, biólogo e professor na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.Muitas espécies de morcegos portugueses estão bem monitorizadas, principalmente as cavernícolas (as que vivem em grutas). Mas existem outras espécies que não existem dados populacionais nem se conhece a ecologia, o que impossibilita saber o efeito que esta pressão tem. “Estamos a falar de mais um factor de mortalidade que afecta espécies que já por si estavam ameaçadas”, explica o perito em morcegos.A diminuição de insectos (o alimento dos morcegos), os atropelamentos, as sebes com arame farpado são factores que pressionam estes mamíferos, cuja ecologia não prevê este tipo de pressão. Por ano, os morcegos têm uma cria, o que não chega para responder às altas taxas de mortalidade.Já existem propostas para lutar contra o problema. Parar as turbinas durante os meses em que os morcegos migram é uma das ideias. “Devia haver capacidade para controlar a actividade das turbinas”, diz Jorge Palmeirim. O biólogo sugere a paragem das turbinas durante as alturas em que existe menos vento, que é quando os morcegos estão mais activos nessas zonas.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Barclays estima corte "substancial" da produção de petróleo da OPEP

"O Barclays Capital prevê um corte "substancial" da produção da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) se os preços do crude não regressarem a valores significativamente acima dos 120 dólares por barril.Os analistas do Barclays Capital consideram que a “OPEP se prepara para um corte na produção, e potencialemente um grande, quando se reunir no próximo dia 9 de Setembro”.“Do nosso ponto de vista, o fluxo de informação que tem chegado aos ministros da OPEP é tal que apenas uma inversão dos preços para níveis bem acima dos 120 dólares por barril pode impedir a remoção substancial de petróleo do mercado”, consideram os especialistas na análise semanal divulgada hoje.A sustentar as expectativas de corte de produção está um relatório da OPEP, citado pelo Barclays em que a organização refere as perspectivas de redução da procura num cenário de deterioração da situação económica global e o facto da produção fora dos países da OPEP estar prestes a aumentar.O crude negociado em Nova Iorque seguia a cotar nos 117,10 dólares e o "brent" transaccionado em Londres situava-se nos 115,81 dólares."...e não fossem eles uma instituição financeira...um especulador que pretende valorizar os seus activos de crude...compreende-se a razão para a OPEP baixar a produção...fá-lo por forma a não inundar completamente o mercado (aumento da oferta em relação à procura, visto que devido ao mau momento da economia mundial a procura tem diminuido, pelo se aceita este "ajuste") e assim mantêm o preço a um nivel aceitável do seu ponto de vista...o preço a pagar para aumentarmos a nossa eficiência energética e o desenvolvimento de novas soluções e assim criar alternativas à economia do petróleo...sendo esse preço alvo, conforme indicado por responsáveis da OPEP entre os 70-80 usd/bbl...obviamente os bancos/especuladores não aceitam estes valores pois significaria grandes perdas para comprou crude a 130-140 usd/bbl e necessita de vender esse crude (eles não são refinadores mas apenas meros intermediários que ganham e perdem dinheiro no mercado), por isso se justifica estas noticias....é evidente que o especulador tem um papel importante nos mercados...mas na minha opinião deveria haver algum cuidado quando ele actua em mercados das "commodities" que tem um peso bastante diferente do imobiliariário no Mundo.....

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Inovação tecnológica aumenta eficiência em células a combustível

O químico Marcelo Carmo, do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) do Estado de São Paulo, desenvolveu em seu doutorado um estudo de materiais poliméricos que auxiliam a troca de prótons dentro da célula a combustível, aumentando a eficiência do processo eletroquímico em aproximadamente 60%. Os polímeros são macromoléculas formadas pela união de substâncias simples, que formam diferentes materiais - no caso desta pesquisa, diversos tipos de plástico. E a célula a combustível é uma tecnologia que utiliza o hidrogênio e o oxigênio para gerar eletricidade, ou seja, uma espécie de bateria elétrica. Ela é vista como um possível futuro das baterias de celulares, notebooks, mp3 players, entre outras aplicações.
Por serem alimentadas com um combustível externo, as células a combustível, ao contrário das pilhas e baterias convencionais, têm autonomia e potência muito maiores. Além disto, esta é uma tecnologia mais limpa, pois não descarta metais pesados, mas simplesmente água, se o combustível for hidrogênio e oxigênio; ou água e CO2, se alimentada com metanol e oxigênio. Por isso, atualmente existe muita pesquisa em torno desta nova opção tecnológica. Em parceria do IPT e do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), a partir do estudo de Carmo orientado por João Guilherme Rocha Poço, pesquisadores inseriram cadeias poliméricas condutoras de prótons em uma superfície de carbono que contém nanopartículas de um metal nobre (platina e/ou rutênio), o catalisador (ou facilitador) da reação.
“As pesquisas procuram focar em pontos distintos do sistema e entender como alterações em cada um deles alteram a eficiência do mesmo. No nosso caso, procuramos facilitar a troca protônica ou seja, de prótons, uma das variáveis do sistema”, conta Carmo, autor da tese de doutorado que resultou nas inovações. A célula a combustível do tipo PEM (do inglês Próton Exchange Membrane) utiliza uma membrana polimérica condutora de prótons. Em cada lado, é acoplado um eletrodo, condutor através do qual se fornece ou se retira corrente elétrica de um sistema, onde ocorrem as reações. O sistema é fechado com as placas de grafite (carbono) que atuam como distribuidores dos combustíveis reagentes e como coletores da corrente elétrica produzida pelas reações eletroquímicas. Por fim, o sistema é ligado eletricamente a um dispositivo externo, fechando o circuito elétrico.
“Numa bateria ou pilha comum, o eletrólito condutor elétrico é uma solução líquida, enquanto na célula a combustível do tipo PEM, ele é um polímero, uma ‘folha de plástico', que quando hidratado, só conduz os prótons. A membrana é um isolante, para que os eletrodos não se encostem e o sistema entre em curto, por isso ela só deve permitir a troca de prótons. A ativação da superfície do carbono, suporte do catalisador, com as cadeias poliméricas, facilita exatamente esse deslocamento dos prótons, devido às suas propriedades condutoras de prótons”, explica o pesquisador.
A troca protônica é um dos pontos chave do sistema. Os prótons produzidos na superfície do catalisador precisam ser eficientemente conduzidos até a membrana. Quanto mais rápido eles completarem esse trajeto, mais espaço livre haverá para que novas reações aconteçam no catalisador, resultando em maior rendimento. Os prótons, que ficam ligados à platina, precisam se deslocar ou serem conduzidos para o outro lado da célula, a fim de participar de uma segunda reação, com o oxigênio, para dar continuidade ao processo de funcionamento da célula. Como produto final, obtém-se água e calor (no caso da utilização de hidrogênio e oxigênio) e água, dióxido de carbono e calor (no caso de metanol e oxigênio).
Marcelo Carmo acredita que o primeiro nicho de mercado que as células a combustível irão atingir serão o de dispositivos portáteis, como laptops, mp3 players e celulares, pois o custo de uma bateria convencional e o de uma célula são semelhantes. E esta última tem outras vantagens, como a potência e a durabilidade da carga que são muito maiores. Os grandes fabricantes já pesquisam a tecnologia, especialmente pelo facto de os aparelhos terem cada vez mais aplicativos, memória, displays coloridos, e o consumo de bateria ser muito maior. Existe, portanto, a demanda por sistemas mais eficientes.
Samsung, Toshiba, HP, entre outros, já possuem vários protótipos de aparelhos que funcionam usando células de combustível. O maior desafio para os fabricantes é a segurança, já que laptops, por exemplo, esquentam bastante e a célula a combustível contém metanol, o que gera risco de incêndio. Há também, uma busca por uma solução para o vapor de água, o produto final da reação eletroquímica. As empresas acreditam que em 2009 já existam no mercado aparelhos com a tecnologia. A Samsung tem um modelo de computador portátil em estudo funcionando com células a combustível que pode funcionar por um mês sem ser recarregado.
O estudo brasileiro com polímeros gerou duas patentes nacionais e uma internacional recentemente depositada no Patent Cooperation Treaty (Tratado de Cooperação em Matéria de Patentes). Participaram desse trabalho o IPT (por meio do programa Novos Talentos), e o Ipen, em colaboração com o professor Marcelo Linardi, da Universidade de São Paulo, além da parceria com a Universidade Técnica de Darmstadt e o Instituto do Hidrogênio para Tecnologia Aplicada (ambos da Alemanha). O estudo integra o Programa de Investigação Tecnológica (PIT) da Fapesp e o “Pró-H2”, Programa Brasileiro de Células a Combustível, do Ministério de Ciência e Tecnologia.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

A galinha do vizinho (João Cândido da Silva DN)

Se está convencido que um depósito bancário é uma aplicação sem risco, é altura de rever essa convicção. A nível global, as instituições financeiras estão hoje numa situação mais frágil do que estavam há um ano. E se não há motivos para entrar em pânico, a crise actual pode servir para desfazer mitos que até os próprios banqueiros costumam alimentar.
Quer ficar impressionado? Como diria António Guterres, é só fazer as contas. Desde a eclosão da crise financeira, quando o mercado de crédito hipotecário de alto risco dos Estados Unidos decidiu mostrar por que merecia a designação, os bancos, a nível mundial, já tiveram que assumir perdas no valor aproximado de 335 mil milhões de euros.
Parece muito dinheiro para se evaporar sem deixar rasto, mas é a pura realidade. Se as famílias e empresas portuguesas, por qualquer motivo que, para já, não passa do domínio do absurdo, fossem forçadas a pagar do seu bolso os custos da crise apurados até agora, teriam que aplicar mais de dois anos daquilo que produzem anualmente para conseguirem tapar todos os buracos já detectados nos outrora lustrosos balanços dos bancos. Um pequeno pesadelo, diria um observador fleumático.
Por aqui se compreendem os motivos de força maior que levaram os governos dos Estados Unidos e Reino Unido, a guardarem na gaveta as tradições liberais anglo-saxónicas. Deixar instituições financeiras falidas entregues à sua sorte seria um golpe na confiança que economias em abrandamento não aguentariam.
Em Portugal, o drama é relativo. Os principais bancos já apresentaram quedas assinaláveis nos resultados do primeiro semestre deste ano. Mas não se prevêem novas surpresas, se os mercados de acções começarem a recuperar na sequência do que parece ser o fim da bolha especulativa nas matérias-primas. Se assim for, uma retoma das cotações exigirá menos esforços no provisionamento de perdas com participações que têm de ser registadas pelo seu valor de mercado.
Quando se analisam as contas das grandes instituições financeiras espanholas, surgem motivos para invejar a galinha do vizinho. Os indicadores revelam que os respectivos balanços estão sólidos e que, questionados sobre os impactos da actual crise nas organizações que lideram, os banqueiros espanhóis teriam que responder com outra pergunta: "crise? Qual crise?". E, no entanto, pode não ser bem assim.
A crise do crédito é "vasta, profunda e global", avisou ontem a Merril Lynch. Tudo estaria dentro das expectativas se o banco de investimento norte-americano não tivesse acrescentado aquela que é a verdadeira má notícia: a crise "está longe do fim" e convém não subestimá-la. Por outras palavras, aquilo que agora parece ser terreno sólido pode não o ser.
Em Espanha, o crédito de cobrança duvidosa está a crescer mais rapidamente do que em Portugal. É demasiado cedo para invejar a galinha espanhola.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

O ultimatum italiano (por:Pedro Santos Guerreiro DE)

O presidente da ENI nunca fala da Galp. A empresa pesa-lhe pouco no balanço e menos ainda na agenda - os "portugueses" não deixam que seja de outra forma. Os italianos têm dois tipos de capital em Portugal: da Galp e de queixa. Nas raras vezes em que fala da Galp, é para dizer que a ENI está mal na empresa. Sempre esteve e sempre estará - enquanto estiver. O "tudo ou nada" da ENI é uma confissão de incapacidade do maior accionista da Galp, que tem um terço do capital, mais do que qualquer outro (o terço da Amorim Energias é uma ilusão de óptica, a empresa é partilhada por Américo Amorim e pela Sonangol - e quem domina são os angolanos). Qualquer accionista da ENI fará uma boa pergunta se questionar o seu presidente por que persiste ele numa empresa em que tem dinheiro mas não tem poder. "Dividendos e mais-valia potencial" é uma boa resposta, pois as acções da Galp têm valorizado à velocidade das descobertas de petróleo no Brasil. Mas convenhamos que isso tem muito mais a ver com sorte do que com a ENI, que tem o direito de querer deixar de ser accionista numa trela e passar a gerir a favor dos seus interesses.Porque o pior é estar contra os interesses da Galp, e é nisso que os accionistas da empresa se vão digladiando há anos. O Estado não soube sair da empresa e, desde que ela tem capital privado que é um viveiro de interesses divergentes. Primeiro foi a Petrocontrol, uma espécie de Selecção Nacional, que esteve mais interessada na mais-valia do que na estratégia da empresa. Veio a ENI, em 2000, ficando com um terço do capital e o direito de aumentar para 40%. Novos Governos vieram e todos trataram mal os italianos, sempre temendo que eles passassem o terço de capital. Não faltaram interessados na empresa, de Ricardo Salgado a Vasco de Mello, de Frank Carlucci a Ilídio Pinho. Acabou por ser Américo Amorim a ajudar o Governo a travar os italianos, na cruzada já aí liderada pelo ministro Manuel Pinho. Mesmo desde esse desfecho, há menos de três anos, não tem havido se não simulação de paz. Meses depois já Amorim hostilizava o ministro, impondo o seu presidente numa comissão executiva em mudança. Os indesejados espanhóis da Iberdrola saíram do "ninho de cucos", para o qual foram convidados, mas sem consumação, os russos da Gazprom. Fica agora visível que a coexistência entre a ENI e Amorim pode deixar de ser pacífica. Eis-nos outra vez na estranha situação em que os accionistas parecem estar empenhados em agir contra a Galp. O Estado ataca a empresa (preços da gasolina e imposto Robin dos Bosques) e pouco depois anuncia a venda dos 7% que lhe restam. A ENI diz que vende ou que compra, não se percebendo bem ao que vai. Quando há semanas a ACS declarou que ia vender a posição na Unión Fenosa e que quem lha comprasse teria de lançar uma OPA, a mensagem foi clara e as acções dispararam. Mas a afirmação da ENI foi obscura e especulável. Quer vender? A quem? A angolanos, russos ou líbios? Ou quer comprar? A quem? Quer os 7% que o Estado vai fazer de conta que vende (através de obrigações convertíveis em acções com direito de preferência… do Estado)?Os maiores atropelos aos interesses da Galp têm sido feitos pelos seus próprios donos e quase sempre em nome de um suposto interesse nacional. O Estado sairá, mantendo um cadeado nas mãos da Caixa Geral de Depósitos e a gestão da empresa parece tentada a não ser passiva no redesenho do mapa ibérico da energia, com notícias sucessivas de que a empresa já estudou juntar-se à Fenosa, lançar uma OPA à EDP e agora aliar-se à Repsol. De desmentido em desmentido, vai-se confirmando que há uma máquina do tempo na Galp, que a faz oscilar entre a repetição do passado e a hesitação do futuro.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Açores estudam autonomia energética

‘Green Islands’ é o nome de um projecto inovador que poderá mudar a forma como os Açores utilizam os seus recursos energéticos. O objectivo passa por encontrar novas metodologias de rentabilização dos recursos naturais da região, com vista a atingir uma autonomia energética. As ilhas das Flores e São Miguel foram as escolhidas para a fase experimental da iniciativa.Concebido pelo MIT (Massachusetts Institute of Tecnologies), um dos mais prestigiados institutos dos Estados Unidos, e aplicado em Portugal através de uma parceria com o INESC Porto (Instituto de Engenharia de Sistemas de Computadores), o Green Islands está numa fase inicial de recolha de dados e informações sobre a utilização real dos recursos energéticos nessas ilhas.O primeiro passo é desenvolver um plano estratégico e implementar parte desse mesmo plano forma a transformar estas duas ilhas açorianas em sistemas com elevado grau de autonomia energética.Para alcançar esta meta, o projecto vai actuar nos sistemas de transporte, através da introdução de frotas de veículos movidos a electricidade, sobretudo transportes públicos e viaturas de empresas distribuidoras, e irá explorar intensivamente soluções de armazenamento de energia, envolvendo simultaneamente a utilização de soluções avançadas de gestão e controlo do sistema eléctrico de cada ilha. O aumento do grau de autonomia energética será obtido através da maximização da produção de energia eléctrica a partir de recursos energéticos renováveis (sobretudo geotérmicos e eólicos), e através do aumento da eficiência energética ao nível da procura.Autonomia energéticaAs ilhas são excelentes laboratórios reais, nos quais se podem organizar e demonstrar novas metodologias para uma transformação económica e ambientalmente sustentável de soluções inovadoras no domínio energético.Stephen Connor, engenheiro do MIT responsável pelo projecto, disse em recentes declarações, no âmbito da Feira Ambitech, realizada em São Miguel, que “este projecto é de enorme importância para as comunidades, uma vez que vai além da busca por novas tecnologias. O Green Islands visa encontrar metodologias que permitam uma autonomia energética do arquipélago utilizando os recursos naturais das ilhas, de forma a dotar a região de melhores argumentos para encarar os novos desafios económicos e ambientais”. O mesmo destaca ainda: “no último ano o MIT tem desenvolvido um conjunto de iniciativas e actividades que conjuguem o ‘verde’ e ‘inteligência’ como objectos de estudo e base para novas descobertas”.Este projecto de bandeira do programa MIT – Portugal para a área dos Sistemas Sustentáveis de Energia é pioneiro no sector. A escolha da região deveu-se às particularidades do arquipélago e ao enorme potencial das ilhas em termos de energias renováveis. A secretaria da economia e a EDA vão participar no projecto como observador e parceiro local, respectivamente. O sucesso final do Green Islands pode colocar o nome Açores num avanço importante para a reestruturação energética do globo, como vai ainda dotar a região de uma maior capacidade de enfrentar as novas dificuldades económicas, fruto do aumento dos combustíveis.
INESC Porto
O INESC Porto - Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores do Porto é uma associação privada sem fins lucrativos reconhecida como instituição de utilidade pública, tendo adquirido em 2002 o estatuto de Laboratório Associado. Desenvolve actividades de investigação e desenvolvimento, consultoria, formação avançada e transferência de tecnologia nas áreas de Telecomunicações e Multimédia, Sistemas de Energia, Sistemas de Produção, Sistemas de Informação e Comunicação e Optoelectrónica.
O INESC Porto é uma instituição criada para constituir uma interface entre o mundo académico e o mundo empresarial da indústria e dos serviços, bem como a administração pública, no âmbito das Tecnologias de Informação, Telecomunicações e Electrónica, dedicando-se a actividades de investigação científica e desenvolvimento tecnológico, transferência de tecnologia, consultoria e formação avançada.O instituto procura pautar a sua acção por critérios de inovação, de internacionalização e de impacto no tecido económico e social, sobretudo pelo estabelecimento de um conjunto de parcerias estratégicas que garantam a sua estabilidade institucional e sustentabilidade económica.

Queda das taxas de juro e do euro ou os primeiros sinais de que o pior já está a passar

O euro está a cair rapidamente face ao dólar, o petróleo acompanha como quase sempre esta tendência distanciando-se do máximo registado a 11 de Julho e a Euribor cai, reduzindo a alargada distância que a separa da taxa de referência do BCE desde que se iniciou a crise. Sinais de que já se chegou ao fundo, no universo da crise financeira. Mas que a Zona Euro ainda pode ter de enfrentar tempos difíceis até ao fim ano na frente económica.Embora a actividade económica, especialmente na Zona Euro, se continue a agravar, esta aparente inversão dos preços nos mercados cambial e de taxas de juro pode constituir o primeiro sintoma de que já terá passado a parte mais grave dos problemas financeiros gerados pela implosão do segmento de crédito hipotecário de alto risco nos Estados Unidos.Na perspectiva dos economistas, só é possível ter completa segurança quanto ao fim da crise económica quando o preço das casas nos EUA deixar de cair. Usando o índice Schiller-20, o mercado imobiliário norte-americano desvalorizou 15% desde Julho do ano passado e 18% desde o máximo atingido em Julho de 2006. Mas os valores ainda estão nos níveis de 2004, quando os preços já tinham subido mais de 60% desde 2000.A administração Bush, além do plano lançado em Janeiro consagrando a restituição de IRS, avançou em Julho com um novo pacote - na sequência da crise Fannie Mae e Freddie Mac - em que dá um crédito fiscal de 7.500 dólares a quem compre pela primeira vez casa. Medida que pode moderar a queda do preço das casas.
A importância de Trichet
O dia oito do oito de 2008 a que se assistiu à abertura dos jogos Olímpicos fica para os mercados também marcado como aquele em que o euro registou a maior queda num só dia desde 6 de Setembro de 2000, de acordo com a Bloomberg. De um dia para o outro passou de 1,53 dólares para 1,50 dólares.O petróleo desceu, ainda que pudesse ter motivos para subir devido à tensão bélica na Ossétia do Sul entre a Georgia e a Rússia. A tendência dos preços foi assim determinada pela desvalorização do euro.A queda do euro foi fundamentalmente justificada pelos analistas com as palavras do presidente do BCE, Jean-Claude Trichet , após a decisão de manter a taxa de referência nos 4,25% na quinta-feira passada. Para quem racionaliza os movimentos dos mercados, a mensagem de Trichet revelou maiores preocupações com a economia, considerando que o que havia a fazer contra a inflação estava feito. A inflação continua a ser uma ameaça mas os risco para a economia estão a materializar-se, disse Trichet.Com a economia norte-americana a dar sinais de ter ultrapassado a crise financeira e a reanimar do abrandamento económico, investir em activos em dólares parece começar a ser mais atractivo do que em euros. A zona euro, que revelou nos primeiros do meses forte resistência, abrandou no segundo trimestre deste ano.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

ATLANTIDA...a cidade desconhecida

A Atlântida ou Atlântis teria sido uma antiga ilha ou continente, cuja real existência ou localização nunca foram confirmadas, e cuja primeira menção conhecida remonta a Platão em suas obras "Timeu ou a Natureza" e "Crítias ou a Atlântida".
O tema da Atlântida tem dado origem a diferentes interpretações, umas mais cépticas, outras mais fantasiosas. Segundo alguns autores, tratar-se-ia de uma metáfora referente a uma catástrofe global (identificada, ou não, com o Dilúvio), que teria sido assimilada pelas tradições orais de diversos povos e configurada segundo suas particularidades culturais próprias. Pode-se também considerar que a narrativa se insere numa dada mitologia que pretendia explicar as transformações geográficas e geológicas devidas às transgressões marinhas. Há ainda a versão do cientista brasileiro Arysio Nunes dos Santos, onde Atlântida seria nada mais que o nome grego para uma civilização ancestral, que seria descrita com diferentes nomes nas mais diversas culturas. Para Arysio, a Atlântida supostamente real ficaria próxima à Indonésia e diversos povos do mundo tais como os gregos, hindus e tupis seriam descendentes dos Atlantes. Ainda segundo sua teoria, diversas descobertas científicas como a criação de determinadas culturas agrícolas e do cavalo seriam graças aos atlantes, bem como a causa da submersão da cidade/continente e do dilúvio foram uma bomba atômica.
Uma das mais polêmicas teorias sobre a Atlântida foi proposta recentemente pelo pesquisador Prof. Ezra Floid, partindo do desenho de cidade circular descrito por Platão, Floid propõe que Atlântida se tratava de uma gigantesca nave espacial, um disco voador movido à hidrogênio, hidromagnetismo, com uma usina central de Hidro-Forças no que era chamado de Templo de Poseidon: um imenso OVNI descrito por muitas culturas como "A ilha voadora" (citada até em Viagens de Gulliver), relacionada com a Jerusalém Celestial descrita na Bíblia, à Purana Hindu que desce do Céu, o Disco Solar dos Astecas, Maias, Incas e egípcios. Sendo Atlântida uma missão colonizadora, ela esteve em muitos pontos da Terra, pois se locomovia e se instalava em regiões: este seria o motivo pelo qual ela tanto esteve no Mediterrâneo, quando na Indonésia, quanto no Atlântico, nos pólos e nos Andes: Atlântida seria a mesma nave descrita na epopéia dos Sumérios. Segundo esta teoria inovadora do professor Ezra Floid, a Atlântida não submergiu catastroficamente, mas intencionalmente, como parte do projeto colonizador que realizavam no planeta: após permanecer algum tempo no fundo do mar como cidade submarina, o disco voador Atlante usou também a hidroenergia de emersão para lançar se diretamente ao espaço sideral, provocando com sua massa e seu arranque poderoso uma enorme onda circular de tsunami no oceano onde estaria oculta. As vítimas sobreviventes deste Tsunami, após a tragédia julgaram que Atlântida havia afundado, no entanto, os Atlantes apenas voltavam para seu Sistema Natal.


terça-feira, 5 de agosto de 2008

Carros eléctricos precisam de energia nuclear

Vice-presidente da General Motors em entrevista.
Sergio Piccione
É o braço direito do presidente da General Motors, Rick Wagoner, no que diz respeito ao desenvolvimento de novos produtos. Aos 76 anos, Robert Lutz segue com atenção as mudanças dramáticas na procura nos Estados Unidos, devido ao aumento do preço dos combustíveis. Uma mudança que, devido à sua rapidez, apanhou desprevenidos os fabricantes, garante o vice-presidente da GM.
Como vai a General Motors (GM) mudar nos próximos anos, com a aplicação das medidas de reestruturação que foram anunciadas?
De uma forma positiva, espero. Vamos deixar de produzir 300.000 unidades de jipes todo-o-terreno e ‘pick-up’, mas ao mesmo tempo iremos incrementar a nossa produção de modelos utilitários, com menores consumos. Ao mesmo tempo tentaremos aumentar a nossa liquidez.
Preocupa-vos a possibilidade de deixarem de ser o primeiro fabricante mundial?
É a menor das nossas preocupações.
Os norte-americanos vão renunciar definitivamente aos todo-o-terreno e aos seus motores potentes?É difícil de dizer. Neste momento, todo o mundo está preocupado com o preço dos combustíveis, que duplicou em apenas num ano. O que é claro é que agora, quando alguém entra num concessionário para comprar um automóvel, a primeira coisa que pergunta já é quanto é que ele gasta. Mas a má notícia não é essa. O que é mau é que as pessoas decidiram continuar a conduzir o seu automóvel velho, em vez de comprar um novo. Foi isso o que fez as vendas cair. Se o preço dos combustíveis continuar alto, o mercado norte-americano vai transformar-se. E os carros americanos vão ser do mesmo tipo dos que se vendem na Europa.
Esta é a oportunidade de produzir automóveis aceitáveis em todos os mercados.
É uma oportunidade que, de facto, existe. Mas o que economicamente não tem sustentação é pretender vender nos Estados Unidos os pequenos automóveis produzidos na Europa.
Porque...
Por causa da paridade euro-dólar. O resultado que temos obtido com o modelo Astra nos Estados Unidos tem sido decepcionante, mas temos que compreender que substituiu um modelo que custava 12 mil dólares e, por ser fabricado na Europa, temos de vender o Astra a 18 mil dólares.
Porque é que é tão importante para a GM vender o modelo Volt, que pretendem lançar em 2010?
Por várias razões. Em primeiro lugar, porque é uma forma de poder cumprir com todas as regulamentações respeitantes às emissões de CO2. Trata-se de um veículo que tem uma autonomia de 60 quilómetros, funcionando electricamente. Quando a carga das baterias termina, um gerador accionado por um pequeno motor carrega-as. Com isto, ultrapassa-se o medo dos consumidores de que os automóveis eléctricos parassem, apesar de, segundo os nossos estudos, esses 60 quilómetros corresponderem aos que um utilizador médio faz por dia, para ir trabalhar.
Mas subsiste o problema de sobrecarga da rede que recarrega as baterias.
A rede actual dos Estados Unidos aguentaria a recarga de milhões de automóveis sem problemas. E na Europa a situação é idêntica. O nosso automóvel terá um computador que verifica a rede e só permitirá a recarga das baterias durante a noite, em horas de baixo consumo. De qualquer forma, os Governos devem entender que se queremos passar dos combustíveis fósseis aos automóveis eléctricos, precisamos da energia nuclear.
Haverá uma versão do modelo Astra com a tecnologia do Volt, no futuro?
Não decidimos nada a esse respeito mas, dado que o Volt utiliza a mesma plataforma do Astra, poderia ser possível.
O que é que vai acontecer à marca Hummer?
É a única marca que vamos vender. É a única que tem uma tecnologia própria, particular. Acredito que pode ser atractiva para outros fabricantes. Para nós deixou de o ser porque tínhamos de investir muito dinheiro para reduzi-lo em tamanho e diminuir o seu consumo.
Que acontecerá se ninguém a comprar?
Prefiro não pensar nessa possibilidade.
Chevrolet Volt: alternativa dentro de dois anos
A versão final do Chevrolet Volt, o carro eléctrico da GM, foi conhecida em Junho passado e deverá chegar ao mercado dos EUA dentro de dois anos. “Com a tecnologia E-Flex, o custo de circular com o carro alimentado a electricidade ronda 1,5 euros por cada 100 quilómetros percorridos, contra cerca de 7 euros/100 km no caso de um carro convencional a gasóleo. Uma diferença que depende do preço dos combustíveis”, explica ao Diário Económico, Miguel Tomé, director de comunicação da GM Portugal. S.P.M.
Exclusivo “El Mundo”/Diário Económico

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

"OE 2009 reabre contratações na função pública"....a politica dos anos de eleições

"As instruções para a preparação do Orçamento do Estado para 2009 (OE 2009) já foram enviadas pelo Ministério das Finanças aos serviços e confirmam que, a partir do próximo ano, o Governo acabará com o congelamento das admissões na função pública, refere o Diário Económico desta segunda-feira ressalvando que admissão de funcionários será condicionada"..(fonte: diáriodigital)...após ler esta noticia, fico cada vez mais desanimado com o panorama nacional...o nosso País é excedentário em função pública quando comparado com os nosso homólogos europeus (pior que nós só alguns dos recem chegados países do leste)...quando analisamos os ultimos orçamento de estado deparamos que o numero de despesa publica não diminui...aliás até aumenta...logo o défice diminui como??...através do aumento de receitas...e como se consegue esse aumento??? aumentando os impostos aos contribuites, claro...como estamos proximos de nova eleições...e muitas das promessas deste governo, mantiveram-se na "gaveta", voltamos a cair no facilitismo e na contratacção de mais função publica...na tentativa de diminuir o desemprego (uma das bandeiras de Socratés na ultimas eleições)....mais uma vez à custa dos contribuintes é certo....bom...é assim o "mundo rosa"...o problema é que a economia mundial está em crise...e o nosso País com estas medidas vai também pagar a crise...e vai pagar cada vez mais cara....

Os efeitos da economia mundial no nosso País

Um dos momentos altos do primeiro semestre foi a velocidade e dimensão do arrefecimento económico, que apanhou o Governo (e até o Banco de Portugal) de surpresa. Foi essa deterioração rápida da economia, retratada esta semana pelo INE, que agravou a desconfiança das famílias e originou a agitação social dos últimos meses.
Houve dois factores que contribuíram para essa perda de confiança, que está nos níveis de 1986: a duplicação do preço do petróleo (num ano) e a subida dos juros, que tiveram um impacte profundo nos orçamentos familiares e contribuíram para a queda do PS nas sondagens. A ponto de se questionar se o partido, mantendo-se o actual clima económico, conseguirá ganhar as eleições de 2009. É por isso que a quebra do preço do petróleo (25 dólares em três semanas) tem importância. Ao contrário da descida dos juros, cujo impacte na economia acontece com uma desfasagem não inferior a 12 meses, a queda do crude sente-se imediatamente no bolso dos consumidores. Isso explica a atenção com que, em São Bento, se olha para o gráfico do Brent e para as previsões do presidente da OPEP (que apontam para preços abaixo dos 80 dólares). Wishful thinking? Sim, porque acertar no preço do petróleo é tão difícil como acertar na lotaria. Mas quem privou com o primeiro-ministro e o ministro da Economia esta semana viu sorrisos (e boa disposição) que já não via há algum tempo....pois esta estabilização de preços na economia global, permite-lhe continuar a os seus planos para o ano das eleições....

domingo, 3 de agosto de 2008

Anatomia do Joelho

O joelho é a articulação intermédia do membro inferior, sendo esta uma articulação composta (constituída por três ossos: fémur, tíbia e rótula) e complexa (possuindo dois meniscos que aumentam a congruência óssea e aumentam a área de distribuição de forças).
O complexo articular do joelho apenas possui um grau de liberdade que permite executar movimentos de flexão e extensão. No entanto, quando o joelho se encontra flectido surge um segundo grau de liberdade (grau acessório) que permite os movimentos de rotação.

Fig. 1 – Meniscos
(vista superior)

Fig. 2 - Joelho Direito em Extensão
(vista posterior)

Sob o ponto de vista mecânico o joelho é uma articulação surpreendente uma vez que possui uma grande estabilidade em extensão máxima e adquire uma grande mobilidade a partir de um determinado ângulo de flexão. Quando o joelho está em flexão, posição de instabilidade, o joelho está sujeito ao máximo a lesões ligamentares e dos meniscos, no entanto, quando este se encontra em extensão está mais vulnerável a fracturas articulares.

Os ligamentos cruzados são estruturas ligadas à estabilidade do joelho e que estão localizados no centro da articulação. O ligamento cruzado anterior (LCA) assim como o posterior (LCP), são extra sinoviais, apesar de intra-articulares.

O ligamento cruzado anterior tem origem no fémur na porção postero-lateral do intercondilo e insere-se anteriormente à tibia. A inserção tibial é bem mais resistente que a fémural.

Fig. 3 - Ligamento Cruzado Anterior (vista anterior)

Este ligamento possui duas bandas: a anteromedial e a posterolateral. A primeira origina-se na porção mais proximal do LCA e insere-se na porção mais antero-medial da sua inserção tibial e a segunda origina-se mais distal em relação à origem femoral e insere-se mais postero-lateral na inserção tibial, esta banda é o componente mais curto e de maior volume do LCA. A banda anteromedial encontra-se laxa na extensão e tensa na flexão a 70º.

O objectivo deste ligamento é resistir ao deslocamento anterior da tibia e à rotação medial do joelho, daí quando há ruptura deste ligamento a tibia se projectrar para a frente do fémur (gaveta anterior).

A cápsula articular do joelho é uma bainha fibrosa que contorna a extermidade inferior do fémur e a extremidade superior da tibia mantendo-as em contacto entre si e formando as paredes não ósseas da cavidade articular. Na sua camada mais profunda a cápsula está recoberta pela membrana sinovial.

As articulações tibio – fémural e patelo – fémural são envolvidas pela cápsula articular, sendo esta reforçada posteriormente pelo ligamento arqueado poplíteo e oblíquo poplíteo e vários músculos; anteriormente pelo tendão do quadricipete e tendão rotuliano; lateral e medialmente pelos ligamentos colaterais e anteromedial e anterolateralmente é reforçada por expansões do vasto medial e do vasto lateral na direcção dos ligamentos colaterais.

«Os ligamentos cruzados estabelecem conexões tão íntimas com a cápsula articular podendo-se dizer que na realidade estes são espessamentos da cápsula articular, e que, como tais são parte integrante dela.» (KAPANGJI, 2000, 5º Edição).

As principais funções dos ligamentos do joelho são: estabilização, controle da cinemática e prevenção dos deslocamentos e rotações anormais que podem causar lesões da superfície articular. O conhecimento das funções dos ligamentos é fundamental para o planeamento cirúrgico e reabilitação.
O LCA, como vimos anteriormente, tem a principal função de evitar a gaveta anterior, sendo um estabilizador primário. Ele actua secundariamente na restrição da rotação tibial e em menor grau na angulação varo-valgo (quando o joelho está em extensão). Não possuindo acção na restrição da translação posterior da tíbia.

O joelho apresenta seis tipos movimentos: três translações (antero-posterior, médio - lateral, céfalo-caudal), e sobre estes três eixos ocorrem três rotações (flexo-extensão, rotação interna-externa, varo-valgo), criando um movimento complexo do joelho. A mobilidade do joelho ocorre simultaneamente em mais de um eixo e de um plano.

Histologicamente, os ligamentos são similares a tendões: são bandas de colagénio denso com pouco material celular. Eles são preparados para suportar tensões lineares. Em contraste com os tendões, os ligamentos possuem fibras não tão paralelas e uma quantidade de elastina superior, podendo suportar alongamentos maiores, sem causar danos à sua estrutura. O LCA e LCP apresentam propriedades viscoelásticas, o que permite dissipar a energia, regular o seu comprimento e distribuir a carga aplicada. Alterações na viscoelasticidade podem facilitar o alongamento do enxerto. (SILLEY, 1997)

A resistência do LCA varia conforme a idade. Um estudo feito sobre a resistência deste ligamento em grupos de idades diferentes verificou que um grupo mais jovem com idades compreendidas entre os 20 e os 35anos apresentava uma resistência 50% maior que um outro grupo com idades entre os 40 e 50 anos e três vezes superior que um último grupo com idades compreendidas entre os 60 a 97 anos.
As propriedades mecânicas dos ligamentos cruzados do joelho, aumentam com a prática de exercícios físicos, gerando, um aumento de 20% no seu limite de resistência e 10% no seu limite de elasticidade.